Galeria de mapas mentais Concepções de natureza, paradigmas em saúde e racionalidades médicas
O patrimônio panteísta na modernidade reflete-se na santificação da natureza (como a defesa do "equilíbrio holístico" na medicina ecológica), o que cria tensão com a teoria mecanicista da medicina científica. A epistemologia contemporânea enfatiza que o controle tecnológico (como a edição gênica) pode levar a doenças iatrogênicas (como a resistência aos antibióticos); A teoria do retorno da vida manifesta-se como um foco renovado na teoria da vitalidade (como o conceito de "qi" na medicina tradicional chinesa), criticando a fragmentação excessiva da medicina moderna. Por exemplo, a Medicina Integrativa tenta conciliar os dois combinando medicina baseada em evidências com terapias naturais.
Editado em 2024-08-30 02:42:21Concepções de natureza, paradigmas em saúde e racionalidades médicas
GRÉCIA
Reflexão entre a cultura grega em torno do cosmos
Mitologia Homérica: busca de compreensão racional do mundo
Physis: “princípio que produz o desenvolvimento de um ser e nele realiza um tipo específico”
REGRAS:
Reproduzir a harmonia do próprio cosmos, atingindo assim o homem o equilíbrio que haveria na natureza
Preceitos Morais
Englobar a totalidade de corpo e alma submetida a regras da natureza, de cujo conhecimento e cumprimento dependeriam o estado de saúde.
Higéia:“o poder de cada ser se reconstituir, ou se manter íntegro, em uma relação de harmonia no convívio com outros seres”
Natureza: “Ela própria demanda seus meios de cura e, eventualmente, o doente se cura, pois esta demanda faz parte de seu próprio ser”
vis medicatrix naturae: poder autorregenerador, preservação e manutenção privilegiadas.
Cura: recuperação que depende de decisões sobre o regime da vida, para manter a ordem natural.
Saúde como o Centro = medidas de higiene e de regulação do regime de vida,
Preceitos de vis medicatrix naturae deram origem ao PARADIGMA VITALISTA.
ROMA
cura: como autodesenvolvimento e exercício de virtude perdeu hegemonia.
Galeno: Suas propostas terapêuticas incluíam a theriaka, que seria um antídoto contra envenenamento, com composição variável conforme o produtor, podendo incluir até cerca de 100 substâncias.
"O organismo saberia escolher as mais convenientes para si
reforçou o uso de catárticos – sangrias, eméticos, purgantes e exsudatórios.
CRISTIANISMO E ALQUIMIA
Natureza: enfrentamento entre o bem o mal
Natura: Forma de descrever a infinitude de Deus em face da fragilidade humana.
Influência árabe na Europa:
tradições empíricas e prescrições de Galeno, as contribuições da alquimia.
1973: fórmulas metálicas (mercúrio e arsênico - utilizados como catárticos)
Cura: algo exterior ao homem, que o transforma e purifica, buscada por meios esotéricos ou religiosos.
PROJETO RACIONALIDADES MÉDICAS
1990
Objetivo: Estudar sistemas médicos complexos e terapêuticas tradicionais e complementares
propôs a comparação das medicinas homeopática, tradicional chinesa, ayurvédica e ocidental contemporânea, também denominada biomedicina.
Hipótese Central: Existe mais de uma racionalidade médica, contrariamente ao senso comum e douto ocidental que admitiam somente a biomedicina como portadora de racionalidade no sentido científico do termo
“demonstrar que distintas racionalidades médicas efetivamente coexistem na cultura atual”
Permitiu constatar a presença, com maior ou menor grau de explicitação teórica, de traços ou dimensões fundamentais dos sistemas médicos estudados.
Dimensões Básicas
Morfologia humana, Dinâmica vital humana, Doutrina médica, Sistema de diagnose e Sistema terapêutico
1º Fase: constatou-se a presença de uma sexta dimensão - COSMOLOGIA
Permitiu a constatação de limites na racionalidade dos sistemas, uma vez que a cosmologia, própria da cultura em que se insere, é enraizada em um universo simbólico de sentidos que incluem imagens, metáforas, representações e mesmo concepções que são parte de um imaginário social irredutível ao plano de proposições teóricas e empíricas demonstráveis pelo método científico.
RETOMADA DA CONCEPÇÃO VITALISTA
Movimentos de Contracultura: A favor da preservação e valorização da natureza, e propiciaram o desenvolvimento de noções e conceitos ligados à ecologia
Promoção da Saúde
Não apenas combater a doença
Conjunto de sistemas terapêuticos e práticas de medicação e cuidados tendentes ao naturismo
Naturalismo
“não apenas a rejeição da medicina especializada e tecnificada, por invasiva e iatrogênica, portanto antinatural, mas também a afirmação da força curativa da natureza e da eficácia das terapêuticas dela provenientes”
1972: Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano
1992: Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Eco 92)
1978: Conferência Internacional de Alma-Ata
1986: Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde
1981: Criação do Sistema Nacional de Meio Ambiente
Defendeu a utilização racional dos recursos ambientais em condições propícias à saúde e à qualidade de vida.
1986: Relatório final da VIII Conferência Nacional de Saúde
propôs “a introdução de práticas alternativas de assistência à saúde no âmbito dos serviços de saúde, possibilitando ao usuário o direito democrático de escolher a terapêutica preferida”
Aumento da demanda por outras formas de bens e serviços de saúde
Homeopatia foi retomada como medicina alternativa
A valorização da prevenção e promoção da saúde e da integralidade do cuidado são alguns aspectos desse paradigma em sua versão atual
A EPISTEME CONTEMPORÂNEA: CONTROLE E IATROGENIA
Observação e Experimentalismo:práticas sistemáticas, estratégias para decifrar a natureza, apoiadas na luminosidade da razão associada ao exercício da experiência e da lógica
Tecnológia: controlar a natureza com fins utilitários
Nova compreensão da doença (sintomas e lesão)
Formulação da fisiopatologia e da química contemporânea
possibilitou a elaboração dos primeiros sistemas terapêuticos livres das teorias de Galeno e dos resquícios da alquimia
Desenvolvimento da bacteriologia e da farmacologia química
inaugurou a terapêutica contemporânea, focada no controle da doença em sua expressão material, biológica.
Método experimental e quantitativo alcança hegemonia
Adoecer: Dissociada das condições de vida, e sua responsabilidade recai sobre o próprio corpo ou no indivíduo que não o maneja adequadamente
Cura: Depende do consumo de medicamentos e de procedimentos médicos especializados
O PARADIGMA BIOMÉDICO afirma em seu lugar concepções materialistas, mecanicistas, centradas na doença e no controle do corpo biológico
Maior longividade alcaçada pela população
Maior degradação da natureza
“disposição dos indivíduos para adquirir bens materiais e simbólicos que possam diferenciá-los hierarquicamente dos outros indivíduos como objetivo de viver”
Modelo Biomédico
Prevenção e controle de infecções, através de vacinas e antibióticos;
Controle de processos crônico-degenerativos;
Associada a efeitos iatrogênicos, em níveis biológico e social, com expressivos riscos para a saúde humana.
Críticas ao Modelo Biomédico
O descontentamento crescente com a desvalorização e degradação do mundo natural em prol de outro construído pela ciência e a técnica, resulta em, MOVIMENTOS DE CONTRACULTURA
HERANÇA RENASCENTISTA NA MODERNIDADE
Deslocamento do teocentrismo para o antropocentrismo
"Separam-se Deus, homem e natureza"
O homem, desligado do domínio dos deuses, afirma-se como herdeiro da natureza. Esta é ao mesmo tempo origem e alteridade; dissociada do sagrado e do humano
1989: Domínio do homem sobre o restante da natureza é afirmado entre católicos e reformadores
Correntes Doutrinárias: VITALISMO X MECANICISMO
Hahnemann: propôs o princípio da cura pelos semelhantes, e defendeu que o impulso vital inerente ao organismo pode ser fortalecido através da medicação homeopática.